Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: br.linkedin.com

 

SANDRA CASTELLO BRANCO
( BRASIL – BAHIA )

 

Salvador, Bahia, Brasil.

Formação acadêmica: Faculdade Integrada da Bahia · Localidade: Salvador.
Assistente Virtual Profissional em Atividade.

 

POESIA SEMPRE. Minas Gerais.  Número 14.  Ano 9   Editor Geral: Marco Lucchesi.    Rio de Janeiro: MINISTÉRIO DA CULTURA / Fundação BIBLIOTECA NACIONAL, 2001.  242 ISSN 0104-0626  
Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

GALÁXIA

A galáxia parecia
Um anel azul
Com uma pedra dourada
No centro.

Estava num cartão
Jogado sobre o leito.

Com as suas quase
Cem bilhões de estrelas,
E gases e poeira.


Eu podia tê-la
Solta
Sobre a colcha
Mergulhada no seu
Espaço negro,
Envolta no tecido
De algodão.

Me emociona vê-la.
Me impressiona tê-la.

O céu preto
E a faísca
Da grandiosa estrutura
Astronômica,
Na redução da distância, aqui.

Com suas infinitas
Partículas incandescentes,
Bilhões de pontos
Enquadrados, aqui.

A galáxia, no entanto
Está no cosmos.
Numa dança vertiginosa
Abissal.
Numa evolução
Avassaladora.
E, contudo, escamoteada
Como um grão de areia diminuto.

Ela se torna forte,
Possante,
No cartão,
Procurando crescer.

Rompe um rasgo
De universo
Na colcha enrugada
Com sua luminosidade
Inquieta.

A galáxia, no entanto,
Está no céu.
Me vendo agora,
Parece, de um telescópio
Com seu olho amarelo,
Transparente.

Encerro-a, devagar,
No cartão,
Numa gaveta,
Para terminar de vê-la
E fazê-la esquecer-se,
Na sua memória gigante,
De mim.

Sobram, entretanto,
Errantes
Alguns pontos,
Como olhares longínquos
De ouro,
Perpassando o quarto vagamente
No espaço entre o leito
E a gaveta.

É dia e, portanto,
Todas as galáxias
Estão invisíveis



Piano

Retirado,
Como um elefante trôpego
Que fosse carregado,
O piano
Levava no bojo
Toda uma história de família.

Chacoalhava sons
Reverberantes
Como que olhando em volta
E temendo cair.

Ia o piano:
A caixa de emoções flutuantes
Repleto de tradições no estômago.
E fremia, e tremia.
Pesava para um lado
E para o outro.

Era amarrado
E se imobilizava nas cordas,
Rígido,
Como o herói de uma epopeia.
Fincava-se no chão
Para não ser alçado.
Resistia aos laços.

Emudecia
Recordando Bach, Strauss
E Beethoven.
Observava
O que ia ser feito com êle,
O grande monstro
Capturado tolamente por pigmeus.

Tremulavam dependuradas
Quatro infâncias
E dois pais educadores,
Anos-Novos, Natais,
Vários professores,
Uma kombi e um cachorro
E melodias e harmonias de apagados rostos.

Alçava-se a caixa de memórias,
Com interrogações
De claves de sol.
Ia lenta, pelo ar sem moscas,
Carregando valsas
E silêncios noturnos.
Desceu pela janela

Como um espantado urso voador.

Em outro tempo, outro compasso,
Ao fim da corda,
Numa calma semínima,
Tocou o chão, extático,
Firme e delicado
Como um bailarina após o salto.     
Inquirindo, curioso e disposto,
Numa rápida e inverossímil escala,  
Pelo próximo concerto.

A próxima enigmática audição.

O próximo tapete.

O próximo solo,
As próximas mãos.

*
VEJA e LEIA outros poetas da BAHIA em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/bahia/bahia.html
Página publicada em maio de 2024.



 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar